sexta-feira, 17 de junho de 2011

Alcova

Um cheiro de suor, uma luz tenra e dois corpos na alcova. O desejo pulsa, quer mais, não sei se é amor, não sei o que é... Sentem  um impulso, um pulso, que a cada momento aumenta ainda mais. À cama, um lençol surrado e um cobertor cheio de bolas de pêlos. Os corpos, entrelaçados, se persuadem. Uma viagem louca sem fim parece acabar ali, mas não, não acaba - tudo que é bom, recomeça... No criado, um pouco de conhaque num copo de vidro barato, um cigarro apagado e algumas pastilhas de menta.  A música é lenta. Intensa e penetrante. O cantor, Barry White, sussurando para aqueles corpos que se querem ainda mais ao ouví-lo...
A noite cai e o frio aumenta, esquentando ainda mais os corpos. Um pouco mais de conhaque, agora puro, sem o cigarro: é preciso sentir o gosto daquele sabor; um sabor forte como toda aquela cena. Não há palavras, somente ação e a conversa desenfreada que tecem os olhares,  com olho no olho diz o que se quer, o que se deseja. E o que se deseja? Aqueles corpos alí, apenas se desejam, mas parecem querer mais, aqueles olhares ditam a conversa que não para nem mesmo quando a mais longa e molhada gota de suor cai sobre os cílios, evidenciando a intensidade daquele colóquio, tão bonito e tão gostoso.  Pequeninos murmuros.
Quando param,  ouve-se um tenso silêncio, a música já não toca mais e as palavras vão cessando a ponto dos olhares estarem apenas cruzados, nada mais. Um abraço forte e aquecido interrompe o diálogo e ali aqueles dois corpos, apenas jovens, apenas apaixonados, se unem em um corpo só.
O sono finalmente chega e ao ser pega por uma voluptuosa sonolência ela deixa o livro cair de suas mãos. O dia chega. E ela dorme.


2 comentários:

  1. Muito bem escrito, parece até um trecho de Dante Alighieri. Parabéns!

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  2. Dani,
    Muito obrigada pelo comentário, fiquei me achando...rsrsrs....
    Volte sempre. Bjs

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