(Continuação do conto publicado anteriomente. A história já possui três finais escritos. Vamos ver como vai ocorrer o desenrolar dos acontecimentos.)
Primeiro Capítulo (Já publicado)
O café está frio. Arh! Que gosto horrível, suscitou Rebeca. Naquela manhã fria ela ainda amargava o gosto da ressaca resultante de uma tórrida noite de comemoração em que festejava a conquista de um novo posto de trabalho. Ela finalmente era a mais jovem diretora de cinema de uma das mais badaladas produtoras da cidade. O cargo teria sido uma indicação de um amigo muito influente que conhecia o dono da produtora Water Glass e este, por sua vez, procurava um talento jovem, pouco lapidado para finalmente destrinchar os seus novos projetos de filmes publicitários.
Ela era recém chegada do Canadá, havia estudado cinema e teatro na Canadian Scholl of Arts. Viveu um longo tempo no exterior, além de estudar, lavou pratos, amou, endoidou e voltou...
No primeiro dia de trabalho na produtora, Rebeca chegou um pouco mais cedo, teria a sua primeira reunião com a equipe e também com o diretor. “Pode entrar, ele está a sua espera”, orientou a secretária não conseguindo esconder uma admiração continuada diante daquela moça, ali, à sua frente.
Rebeca bate à porta, pede licença e, ao entrar, dirige um entusiasmado bom dia ao diretor, que está sentado de costas para a porta, com as pernas em cima de um armário. Ele fuma seu charuto e toma uma limonada, sem açúcar, dizia que gostava de sentir o sabor puro das coisas. “Quer uma limonada?”, indagou-a. Dizendo que não estava servida, tratou logo de se acomodar à cadeira de madeira tipo cedro que harmonizava o ambiente. “Faz bem em sentar”, completou o diretor. Ele começou a explicar minusciosamente o tipo de trabalho que realizava há mais de 20 anos e ela pacientemente o ouvia. Ao dizer a ela sua primeira tarefa, se vira repentinamente e ao olha-lá no olho se assuta, sente-se mal, não conseguindo mais direcionar qualquer palavra àquela bela jovem.
Primeiro Capítulo - Parte 2
Rebeca se assustou e não sabia o que fazer. Estava ali, diante do seu novo diretor, em uma empresa que muito desejou trabalhar, mas estava atônita em meio àquela situação tão estranha: seu chefe desmaiado. Imediatamente chamou a secretária que entrou na sala não entendendo nada do que tinha acontecido. “Ele parece ter se assustado comigo e desmaiou”, dizia Rebeca atemorizada; a secretária tentava acordar Arlindo, que estava imóvel...
A jovem então aproveitou que não estava mais sozinha alí e ligou pra portaria daquele imenso prédio solicitando atendimento da enfermaria. “O que aconteceu aqui?”, perguntou a secretária fitando Rebeca desconfiadamente, ela parecia confusa após a declaração da nova diretora, recém chegada à agência, ao mencionar que Arlindo teria se espantado com ela. Assustado com o quê? Afinal, Rebeca era apenas mais uma nova funcionária...
“Pelas primeiras impressões, tudo certo, Arlindo tivera apenas uma queda de pressão”, dizia tranquilamente o médico. Naquele momento, Arlindo já estava acordado e em sua sala estavam presentes a secretária, seu filho mais velho, que também era diretor da empresa e outros dois filhos que trabalhavam com o departamento de criação. “Já estou bem, eu realmente estou precisando descansar, estou precisando de férias. Joana, providencie por favor uma reunião com meu assistente pessoal, vou conversar com ele a respeito de um provável viagem que poderei fazer. Vou tirar férias”, declarou ele ainda com uma voz trêmula e profundo ar de cansaço.
Naquele momento o espanto tomou conta de todos. Arlindo não tirava férias há quase 10 anos e todos sabiam que deixar a empresa na mão dos filhos, mesmo sendo eles pessoas de confiança, não era algo que Arlindo gostava. Ele sempre foi aquele tipo de empresário que vive a empresa, sabe tudo sobre a agência, conhece bem seus funcionários e negocia cada contrato pessoalmente, deixando somente os detalhes secundários para os filhos. Todos se entreolharam e de uma certa forma comemoram a decisão do patriarca da familia Antachio: definitivamente, a notícia sobre as férias de Arlindo era a grande boa nova da semana, todos já haviam esquecido o incidente de seu desmaio.
Sua secretária imediatamente saiu da sala dizendo que ligaria naquele momento para Bento, para que conversassem sobre planos de férias, enquanto isso, seus filhos tentavam amenizar o ambiente falando sobre lugares que o pai poderia conhecer.“Talvez um roteiro de artes pela Europa... a última vez que o senhor o fez, mamãe ainda estava entre nós, poderia voltar pra lá para conhecer novos lugares”, salientou Armando, o filho mais velho.
Rebeca observava tudo calada. Arlindo fitava-a delicadamente. Ela queria falar, participar da conversa, tinha passado por lugares magníficos no exterior, certamente teria muitas dicas de viagens, restaurantes e museus, mas naquele momento emudeceu como há muito não praticava.
“Armando, oriente a moça sobre o nosso novo projeto de literatura para as massas, quero voltar e ver essa empreitada decolando... Meu filho vai te orientar mocinha, tudo o que você precisar, conte com ele e com esses outros dois aqui (indicando para os outros filhos, João e Fernando), eles são a alma desse lugar”, exortou ele saindo da sala.
Todos ouvem e concordam acenando com a cabeça. A reunião que seria entre Rebeca e Arlindo, tem ínicio com a jovem e os irmãos Antachio. Tomam café, que parece estar um pouco amargo. Começam estruturando os planos para desenvolver o novo projeto de Arlindo, que era um sonho antigo de sua finada esposa.
(continua... )