Eletrizante, eu inteira.
Acordei, tomei uma garrafa de vinho, deitei-me a girar nos meus pensamentos
Penso que estou cada vez mais viva, sinto-me cada vez mais morta
Genialidades, devaneios meus. Eu não sou pintor, dizia Michelângelo, eu não sou pintor.
Lambuzo-me com a tinta alva do meu sangue, tenho a alma lavada de gritos e sussuros,
Ouço a voz do silêncio, vejo o escuro,
Na imensidão de meus pensamentos, sinto que as palavras saltam da minha boca, procuro o silêncio, grito o barulho...
Duvido se estou em momentos de solidão, revolta, tensão. Acredito. Eis que me acalmo aqui, diante do meu leito, tentando encontrar solução para meu drama. É um drama frio, amedrontador. Tudo isso sou eu, ninguém me faz mal, eu mesma me faço mal. Me faço mal quando sou fraca, quando fico aqui com medo e me faço muito mal quando a culpa aparece, a culpa de algo que não tinha que existir.
Que arrepio que dá, que sensação estranha essa. Me perguntaram se eu tinha medo de alguma coisa. Eu respondi: - Sim. E indagaram-me uma segunda vez: - Você tem medo de que? E, assim, completei: - Tenho medo de ser tão fraca a ponto de não tentar.